31.1.08

Todo em tudo : um espaço...



Mercè López

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis

De vez em quando obrigo-me a voltar ao poema.
A este grande desafio de tentar ser todo em tudo...

30.1.08

Espaço : verdade ou mentira?


?

29.1.08

Um espaço assim...


Crackart

quando as lágrimas não eram nesse tempo densas e fechadas como pedras

Ruy Belo

28.1.08

Um espaço sobre o peso de um sorriso.



Carla Salgueiro
Thomas Janowitz

Por entre as rochas um rapaz, nas mãos levando uma balança, avança em direcção ao mar. Vai procurar pesá-lo. Num dos pratos, o mar há-de revolver-se, debater-se, rebentar, há-de trazer à superfície a força das entranhas e atrair o céu, há-de-o fazer precipitar-se até com ele se confundir, e as próprias rochas através das quais o rapaz segue hão-de pesar no prato ferozmente. Imperturbável, o rapaz colocará no outro prato o seu sorriso.

Luís Miguel Nava

:)

27.1.08

Como crescem as magnólias nos espaços...


Marianne Le Carrour


Sabes, leitor, que estamos na mesma página
E aproveito o facto de teres chegado agora
Para te explicar como vejo o crescer de uma magnólia.
A magnólia cresce na terra que pisas - podes pensar
Que te digo uma coisa não necessária, mas podia ter-te dito, acredita,
Que a magnólia te cresce como um livro entre as mão. Ou melhor,
Que a magnólia - e essa é a verdade - cresce sempre
Apesar de nós.

(...)

Daniel Faria

25.1.08

Espaço para boas noites.



Eve Leblanc


Este blog não pretende ser fácil, superficial ou demasiado profundo.

Vou procurar descansar.

24.1.08

Espaço para boas tardes.



Eve Leblanc

Este blog não pretende ser lixo, feio ou apenas bonito.
Aconteceu-me esta realidade ainda há pouco.

Espaço para bons dias.



Eve Leblanc

Este blog não pretende produzir, ter utilidade ou eficácia.
Foi o meu sonho de hoje.

23.1.08

Que espaço a não ser eu...


Claus Wickrath

a jarra tombou
a água correu sobre a mesa

as flores calaram-se aos poucos
o espantalho tocou o acordeão

a criança cansou-se do vento
desatou as sandálias

o mar meditou duas vezes
qual o horizonte

do sotão a galinha presa
viu um avião voar

uns quantos vestiram-se de negro
viveram da morte dos outros

suicidou-se uma sombra
debaixo do meu pé

a mulher calçou-se de branco
para a ressurreição

o país desbotou
no mapa das escolas

amor que esperas de mim
a não ser eu

Luiza Neto Jorge

22.1.08

Espaço sobre a consciência

Diz-se "agir de acordo com a minha consciência" como se esta fosse o meu olhar pessoal acima de qualquer outro, em fazer o que me apetece e em seguir o meu próprio capricho.
Fala-se da consciência como se tratasse de um bem que possuímos à nossa medida, uma desculpa ou uma justificação para as nossas "vontadezinhas".

A consciência exige [digo eu de uma forma questionável e incompleta] e, às vezes, até dói. Não torna a vida fácil mas fá-la mais rica.
É como que um trampolim a sermos dentro de nós mais verdadeiros. E logo, cada vez mais: "pessoas".

Consciência pode ser muita coisa mas, pelo menos, estou certo que não é conveniência. Ainda bem!

Espaço d'hoje : os nomes que ainda se dão...



?
Sophie Thouvenin

imensamente nos deitamos um no outro
e não mais nascemos para a mão escura
que tapa o sol e afoga a lua


estamos como se tudo estivesse connosco
e connosco estivessem os nomes que primeiro se deram
flor rio azul estrela terra


Vasco Gato

20.1.08

Um espaço firme, fiel e verdadeiro.


Jan Saudek

Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

Maiakóvski

19.1.08

Espaço de batatas? Álgebra? Silêncio?


Lena Kah

Eu era quase um anjo
e escrevia relatórios
precisos
acerca do silêncio

Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios

Isto foi antes
de aprender a álgebra

José Tolentino Mendonça

18.1.08

Espaço sobre a arte de ser felino.


?

Pensou então
no outro

De como serviriam no seu pêlo rente,
no seu olhar de trespassar prisões,
de rasgar barras,
ou na sua cabeça tão perfeita,
de orelhas muito breves,
mas capazes
de ouvir a mais fugaz
das mais serpentes
- como lhe serviriam
essas asas

Voar pelo céu todo
e ser mais que
feliz

Ana Luísa Amaral

Sempre me questiono:
porquê?

Sempre me questiono:
porque não nos basta sermos só nós?

17.1.08

Um espaço debaixo da terra



Bill Durgin

De noite não escrevo cartas,
qualquer que seja a luz, para onde quer que seja.
E já não me assusta o elevador
vertiginoso, desde que o sono
me habituou à queda.

Na luz do fim da tarde agora brilha
para sempre a minha varanda amarela.
Campos salgados, colinas esburacadas,
já não me assustais.

Como se fosse a minha vida,
fecho as janelas, vou comendo
pão, poupo energia.

Hans-Ulrich Treichel

Ando já há uns tempos em volta deste poema - que considero interessante - sem lhe conseguir tirar o sentido.
De cima a baixo, para trás e para a frente, apenas me sugere a atitude de uma avestruz...

16.1.08

Espaço : Die Brücke


Karl Schmidt-Rottluff
Erich Heckel

Dime cuál es el puente que separa
tu vida de la mía,
en qué hora negra, en qué ciudad lluviosa,
en qué mundo sin luz está ese puente
y yo lo cruzaré.

Amalia Bautista

11.1.08

Staralfur : Blue Night : Espaço


Stefano Parrini

Adulta é a noite onde cresce
o teu corpo azul. A claridade
que se dá em troca dos meus ombros
cansados. Reflexos
coloridos. Amei
o amor. Amei-te meu amor sobre ervas
orvalhadas. Não eras tu porém
o fim dessa estrada
sem fim. Canto apenas (enquanto os álamos
amadurecem) a transparência, o caminho. A noite
por ti despida. Lume e perfume
do sol. Íntimo rumor do mundo.

Casimiro de Brito

(...)
esta noite
dormirei à luz das velas
se for preciso.

Carlos Saraiva Pinto

Apetecia a Islândia dos Sigur Rós mas, fico muito bem com o centro da Europa.
Até para a semana!


10.1.08

Espaço : se estivessem num vaso diria serem flores


Robert Maxwell

Talvez porque delas também somos feitos.

9.1.08

Optar é um espaço necessáro!


Catia Chien

Algumas pessoas têm tanto medo de morrer, que nunca começam a viver.

Henry Van

Agarramo-nos demasiado a pretensas seguranças. Dependentes, por excesso, da vida que programamos. Na espera infindável que as certezas todas nos encham a razão.

Há opções que não se podem deixar para mais tarde!

8.1.08

O teu espaço por um verso.



Ira Bordo
Graham Jones

dá-me um lugar onde possa reclinar a cabeça
um colo onde possa adormecer
e te saiba por perto

dá-me mãos inteiras de chuva
os lírios que a manhã me trouxe aos olhos
uma única razão para o dilúvio

e eu dar-te-ei um verso
do tamanho de uma casa

José Rui Teixeira

7.1.08

Espaço: vive!



Diane Golay

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.

Sophia M. B. Andresen

5.1.08

O que não vem só das cr"i"anças, um espaço simples e grato.


Agatha Katzensprung

Quando as crianças brincam
Eu as ouço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar

Fernando Pessoa

;)

4.1.08

Espaços que a natureza nos deu : uma boca e dois ouvidos.


Gianluca Folì (pormenor)

O ruído faz pouco bem, o bem faz pouco ruído.

Francisco de Sales

A frase leva-nos mais para o facto da maioria das acções espampanantes serem pouco fecundas, sendo que, os gestos discretos e silenciosos são aqueles que na realidade transformam as vidas positivamente.

No entanto, hoje, a frase surgiu-me mais a propósito de termos dois ouvidos e apenas uma boca. Lembrei-me que frequentemente "ouvimos" bastante mal e que são mais que muitas as vezes em que nos esquecemos de exercitar esta capacidade tão preciosa.

Para ouvir de verdade é preciso estarmos abertos a quem fala e, de algum modo, dispostos a acolher aquele está à nossa frente.

A não termos por antecipação a resposta pronta mesmo antes da outra pessoa terminar a frase. A não acharmos que o que temos para dizer é mais importante e interessante do que o que estamos a receber. A não nos defendermos ou atacarmos com a nossa pretensa superioridade.

Fico a pensar na necessidade de trabalharmos a riqueza genuína que transportamos por dentro, de reconhecer que sabemos apenas algumas coisas poucas e que, com a nossa atenção, podemos aprender constantemente.

Fico a pensar que assim perceberíamos que afinal não somos nós os tais maiores e melhores de sempre. Que passaríamos a ouvir com qualidade as palavras dos outros e que, quem sabe até, ficássemos aptos a escutar os seus silêncios.

1.1.08

2008, um espaço de avanço.





Demeny and Marey

Contou que caminhava pela praia, nu, correndo.

A areia, o sol, o mar
e a profundidade extenuante do céu embriagavam-no.

Tinha extrema consciência da sua nudez,
e isso também o embriagava.

Ia com um projecto, ou uma missão, estava carregado disso,
mas tratava-se de uma coisa inominável.

(...)

Herberto Helder

Depois de avaliar, bons propósitos para 2008!
Avancemos!