1.11.07

quando partir de avião para o espaço



Branislav Kropilak


Vou partir de avião
e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
e ter sonhos confusos

Se eu morrer
quero que a minha filha não se esqueça de mim
que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada
e que lhe ofereçam fantasia
mais que um horário certo
ou uma cama bem feita

Dêem-lhe amor e ver
dentro das coisas
sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas

Preparem a minha filha
para a vida
se eu morrer de avião
e ficar despegada do meu corpo
e for átomo livre lá no céu

Que se lembre de mim
a minha filha
e mais tarde que diga à sua filha
que eu voei lá no céu
e fui contentamento deslumbrado
ao ver na sua casa as contas de somar erradas
e as batatas no saco esquecidas
e íntegras


Ana Luísa Amaral

6 comentários:

mar revolto disse...

Obrigada pela tua visita. também gostei de me deambular por aqui.

Bjs

nana disse...

tão, tão lindo, filipe....

OBRIGADA por (mais) esta partilha.

Dalaila disse...

Assim
se parte
no avião...

as tuas letras fazem-me viajar para o espaço...

Lindo, muito lindo

eyeshut disse...

maravilha _________________*

V. disse...

Sem querer ser atrevida, deixei uma pequena lembrança - surpresa - prémio - e tudo e tudo lá n' A Dança dos Erros. :)

E também tem Ana Luísa Amaral. :p

Beijinho*

lupuscanissignatus disse...

Poesia com personalidade muito própria esta da Ana Luísa Amaral.

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se!"