29.8.08

Space : days with my father





Philip Toledano


Sometimes, when we're talking

my dad stop, and sigh,
and close his eyes.

It's then I know, that he knows.

About my mum.

About everything.


Days with My Father

28.8.08

Os líquidos no espaço


Steve Cady


Quando eu era uma criança de muletas
Estudei o alicerce de coisas paradas
Observei as coisas que se moviam
No olhar estático das coisas que meditam. Era cirúrgico
Como o homem que opera nas pupilas as artérias do seu próprio coração.
Estudei um peregrino e outro e outro. Estavam parados
Contemplavam os passos percorridos
No perímetro da meditação.
Anotei que os alicerces do movimento são líquidos
Constantes.
Primeiro líquido: a água, nas coisas altas as nuvens
E penso também nos rios. Segundo líquido: a saliva
Que curou os cegos. Terceiro líquido: o ar porque me lembro
Do relâmpago, da velocidade das coisas que caem. O sétimo líquido:
O sangue do cordeiro.

Quando eu era uma criança parada
Quando não andava numa cadeira de rodas a empurrar o corpo com as mãos
Estudei o movimento dos líquidos
Segui o derrame da semente ao morrer

Caminhasse eu porém e seguiria
O fio de água no olhar de quem amei.

Daniel Faria

27.8.08

Um amigo é um espaço que nos salva.


Eike Schroter (alterado)


Num daqueles dias de outono, em que nos queima a vermelha labareda das folhas, um amigo pedia que lhe contasse uma história. "Salva-me a vida, conta-me uma história". E eu recordei aquela mulher das Mil e Uma Noites, que encadeava, com doçura e desespero, uma história na outra, pois só a história infinita nos permite escapar à maldição da morte.

Um amigo é uma história que nos salva.

Mário Rui de Oliveira

25.8.08

O espaço : "tu" ou "estás aqui"


Lovisa Ringborg


O "aqui"
acorda no mundo do poema
e ressuscita-me.

Não digas o meu nome.
Toca-me com a doçura do arco
e diz: "tu" ou
"estás aqui".
São palavras voadoras
que nunca falham o alvo.

Rosa Alice Branco

21.8.08

Espaço : de tantas formas de arder...

Na verdade pouco interessam os porquês.

Uma casa que se destrói pela fúria de um tornado violento, um barco seguro que se afunda numa inesperada tempestade, certas doenças que nunca tínhamos ouvido falar, às vezes a morte.

Coisas que não dominamos, acontecimentos que nos escapam e não dependem de nós. Que nos ultrapassam mas que mesmo assim tentamos perceber.

Enfim, a natureza impede-nos de compreender tudo e, de facto, a maior parte das vezes não é necessário fazê-lo. A vida não tem um livro de explicações, nem tem de estar sempre sob nosso controle.
Aliás, mesmo que tentemos, ela não deixa.

Não quero dizer com isto que a maior parte do que sucede não carece de avaliação e mudança. Precisa. Mas não é disso que quero falar. É do que tentamos justificar sendo injustificável. Do que apenas é e acontece.

De novo, como há quem diga, pouco interessam os porquês mas os para quês.
O que vale e faz seguir é o sentido que damos às coisas, as suas posteriores "significações", o que descobrimos de positivo e o sumo que lhes conseguimos retirar.

Imediato? Não. Pelo menos para mim. A quente não vemos nada. O trajecto é normalmente longo e longo e muito longo.
Talvez o caminho todo. Às vezes claro, às vezes escuro, às vezes aprendemos e fica, outras vezes aprendemos e desaprendemos o aprendido e temos de aprender outra vez.

Pois, nunca nos disseram que "isto" era sempre em frente e que era tudo fácil.
Mas ainda bem. Ou melhor - digo - quase sempre ainda bem.

Continuam a ser grandes tabus da nossa contemporaneidade o sofrimento e a morte. Queremos tudo light ou açucarado. Por isto quis escrever. Eu que apesar de tantas palavras estou longe e vejo pouco.

Bem-hajam!

18.8.08

Espaço : de tantas formas de arder...


Josephine Meckseper


Porq?

11.8.08

Espace : les jours d'aujourd'hui


Sanna Kannisto



5.8.08

Espaço : a queda


Kerry Skarbakka


Com raras excepções, sempre procurei escrever ou colocar por aqui o positivo das coisas mas, por vezes, a vida arremessa-nos para precipícios demasiado densos.

Durante algum tempo, prevejo continuar a vir aqui com pouca frequência. Provavelmente neste mesmo registo.

Lamento.