19.10.07

espaço : áfrica negra & white



Philippe Pache
Alain Corbel


Assume o amor como um ofício
onde tens que te esmerar,

repete-o até à perfeição,
repete-o quantas vezes for preciso
até dentro dele tudo durar
e ter sentido

Deixa nele crescer o sol
até tarde,
deixa-o ser a asa da imaginação,
a casa da concórdia,

só nunca deixes que sobre
para não ser memória.


Quisera um dia
a terra
o hábito de ser carne
membro boca olho
ou areia molhada
que o mar reclama
e eis que súbita
a pele grávida
a margem flácida
se desaba cada segundo
onde um grão amassa um filho.


Felizes os Homens
que cantam o amor.

A eles a vontade do inexplicável
e a forma dúbia dos oceanos.



Estes três poemas são de Eduardo White, moçambicano, nascido em Quelimane em 1963.

Ambos são belíssimos, no entanto, hoje caminho mais pelo primeiro. Apesar do tema não parecer palpável, quase o consigo tocar. Sinto-o muito concreto. Diz-me que aquilo de que o texto fala exige esforço e que adira a ele como um "T. P. C." para muito tempo.

6 comentários:

Andreia disse...

Sim, exige tanto esforço que às vezes cansa...
(dia nocturno... :) )

Bj.

storytellers disse...

Eu lembro-me de ter visto o texto aqui e de o achar qq coisa. Este Daniel Faria é muito bom mesmo!

beijinhos
kerubina

Dalaila disse...

Eu sinto-o como se fossem dedos.... o primeiro sim... e que seja um ofício onde o tempo não conta!

eyeshut disse...

não conhecia este senhor, mas os poemas são maravilhosos. é muito bom saber que o mundo está povoado de pessoas-poema assim...*

un dress disse...

in

tocável

nana disse...

que maravilha, tudo....


obrigada.