30.11.07

Uma espécie de sol. Esse espaço!





Moryah

Nesse tempo, esperava crescer para molhar o pão no vinho. Jogava à bola na grande garagem e corria sempre, quase distraído.
Não sabia ainda um nome para as coisas. Contava os passos e prendia o amigo. Subia às árvores, derrubava ninhos e fugia. Havia apenas o monte e esconderijos nos penedos. E a mina escura.
Os dias passavam sem que me lembrasse. Uma espécie de sol me protegia.

Mário Rui de Oliveira

Este espaço é de algum modo nostálgico e procura ir à memória antiga.

No meu caso, à realidade inventada, às corridas nos jardins, às pequenas transgressões e aos pães com manteiga e refresco de cevada.

Não como um lugar em que devamos ficar imóveis mas, como um lugar em que a infância se recupera para melhor avançar.

É talvez outra - mas existe - a espécie de sol que nos protege agora.

8 comentários:

musalia disse...

creio que é um espaço protector, é um regresso recorrente. não o vejo como saudosismo, encontro-o necessário aos passos do quotidiano: mantém-nos, de certo modo, regenerados com a realidade...
:)

Cometa 2000 disse...

é isso musalia.
a dita "nostalgia" só entra por voltar ao passado mas, na realidade, nem existe mesmo pois o regresso é para o ligar ao presente/futuro.
:)

petroy disse...

imagens de subvertidas gravidades ...
o re (gravitar) na infância re (encontra) sentidos perdidos ...

V. disse...

Que coisa boa de se ler: É talvez outra - mas existe - a espécie de sol que nos protege agora.

Não o diria melhor. :)

Beijinho*

Anónimo disse...

encontrar os sorrisos da infância, misturá-los com pães com manteiga e :)

dora disse...

sol a infãncia que é filha da lua.

eyeshut disse...

...*

Andreia disse...

Do jogo das escondidas dentro do "chagão", dos cheiros da cozinha da avó, das corridas no meio da rua deserta da aldeia já quase crescida... saudades... :)

Beijinho!