Nesse tempo, esperava crescer para molhar o pão no vinho. Jogava à bola na grande garagem e corria sempre, quase distraído.
Não sabia ainda um nome para as coisas. Contava os passos e prendia o amigo. Subia às árvores, derrubava ninhos e fugia. Havia apenas o monte e esconderijos nos penedos. E a mina escura.
Os dias passavam sem que me lembrasse. Uma espécie de sol me protegia.
Mário Rui de Oliveira
Este espaço é de algum modo nostálgico e procura ir à memória antiga.
No meu caso, à realidade inventada, às corridas nos jardins, às pequenas transgressões e aos pães com manteiga e refresco de cevada.
Não como um lugar em que devamos ficar imóveis mas, como um lugar em que a infância se recupera para melhor avançar.
É talvez outra - mas existe - a espécie de sol que nos protege agora.
8 comentários:
creio que é um espaço protector, é um regresso recorrente. não o vejo como saudosismo, encontro-o necessário aos passos do quotidiano: mantém-nos, de certo modo, regenerados com a realidade...
:)
é isso musalia.
a dita "nostalgia" só entra por voltar ao passado mas, na realidade, nem existe mesmo pois o regresso é para o ligar ao presente/futuro.
:)
imagens de subvertidas gravidades ...
o re (gravitar) na infância re (encontra) sentidos perdidos ...
Que coisa boa de se ler: É talvez outra - mas existe - a espécie de sol que nos protege agora.
Não o diria melhor. :)
Beijinho*
encontrar os sorrisos da infância, misturá-los com pães com manteiga e :)
sol a infãncia que é filha da lua.
...*
Do jogo das escondidas dentro do "chagão", dos cheiros da cozinha da avó, das corridas no meio da rua deserta da aldeia já quase crescida... saudades... :)
Beijinho!
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