Nan Goldin
Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor
Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor
Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana
Daniel Filipe
O poema é enorme - tal como a sua beleza - por isso não o transcrevi todo para aqui.
Vale a pena procurá-lo e aspirar o seu doce bafo quente . Chama-se A Invenção do Amor.
16 comentários:
Lembrei-me agora sem querer do 2046... :)
conheço-o bastante bem. necessitei de o declamar quando tinha 13 anos ehehehhe (uma parte!)
mais do que a invenção do amor, é a denúncia da perseguição
É deveras lindíssimo!Abraços!***
Não conhecia, mas espero que todos o inventem...
Gostei muito!
a incessante invenção do mais antigo e misterioso dos mundos: o Amor...*
...Ficou provado que não se conheciam
Encontraram-se ocasionalmente num bar de hotel numa
tarde de chuva
sorriram inventaram o amor com carácter de urgência
mergulharam cantando no coração da cidade...
já pouco lembramos deste carácer de urgência...
ou mesmo de qualquer outro carácter.
agora alimentamo-nos alarvemente do próprio verniz das palavras.
mas lembramos ainda embora a nostalgia já nos habite mais que o desejo.
e por isso mesmo esse poema nos acorda... e é belo...
lindo sempre...:)
beijO
dos melhores poemas de sempre
eu tb conhço bem, palerm´oides. aliás, tenho o livro. estúpidossssssssssssssss
o amor que dá o sentido,sentido, sentido.. é preciso inventar!
a intimidade captada por nan goldin vai para lá das imagens ... é confrangedora para quem a vê ... para quem a invade
conhecia já esse poema de um sarau de poesia. Simplesmente lindo... Gostei do blog. =)
sim. lindo lindo lindo.
e também só o descobri há pouco tempo.
:)
obrigada por este cheirinho do poema...
acho que nan goldin foi óptima escolha para o que.
"A invenção do amor e outros poemas" - revisito-o volta e meia :-)
Um homeme e uma mulher
com olhos e coração e fome de ternura...
Bíblia de cabeceira desde os meus 20 anos. :-)
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