12.6.08

Espaço em combustão


Van Gogh


As árvores são lugares imensos, como pálios
dobrados sobre o tempo. Creio que existem
como mutação da realidade, como o movimento
imperceptível de Deus sobre as águas. Existem
expostas à erosão, na curvatura quebrada
da superfície, no sacrário de uma natureza ferida.

Existem como uma porção infinitesimal da alegria
do mundo. Depois morrem sem que ninguém perceba
e a sua sombra perdura à morte, à decomposição lenta
das suas estruturas silenciosas como abismos,
indecifráveis como mistérios antigos, extensíveis
como os braços de Deus em combustão.

José Rui Teixeira

3 comentários:

dora disse...

sempre guardei esta arvore,
pelo... azul : )

( muitas saudades! )

mdsol disse...

gosto deste Van Gogh menos... popular digamos assim
:))

~pi disse...

palavras

para arder ~

[ infinita

mente