15.11.07

Um espaço aborrecido


Anca Moanta

O tédio é o pior de todos os estados.

Voltaire

Aqui me tens, esperando a morte.

Genet

Desculpem o mau jeito mas, sinceramente, acho que estas duas frases têm tanto de brutal como podem ter de verdade.

O tédio é possivelmente das coisas mais nefastas que a actualidade contém. Entra devagar e vai retirando a capacidade de nos entusiasmarmos, sonharmos e lutarmos seja pelo que for. Mais, engana-nos tão lentamente que quem o sente se vai achando acomodadamente feliz.

Não me parece grande ideal desejar estar na vida como num sofá.

9 comentários:

margarida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
margarida disse...

Curvo-me perante estas tuas palavras, tiro o meu chapéu à tua coragem.

Desculpa-me a pretensão de achar que é/foi difícil percorrer o caminho até a este post...

Cometa 2000 disse...

margarida, não é pretensão nenhuma. de algum modo, vamo-nos revelando e conhecendo.
:)

realmente não é auto-biográfico, nem o tédio é uma das caraterísticas que dominam/dominaram os meus dias.

no entanto, não me ponho de fora, há sempre momentos em que tudo se experimenta. e o tédio como a solidão, como a alegria, a dor, a esperança e sei lá que mais... fazem parte do trajecto (se não os negarmos).



bonita a tua interpelação...
enfim, vivo grato. suficientemente tenso. com desejo. optando. de algum modo incomodado quando o tédio (profundo) se instala na vida de qualquer um.

sem julgar, às vezes assusta-me o que vejo.



comentei longo... aí vai!

margarida disse...

Sabia ou desconfiava por várias razões que nem sequer interessam agora enumerar que este não era um post auto-biográfico.
Gostava de acrescentar que achei muito interessante, fascinante mesmo, a análise, arrisco mesmo escrever grito.
Ter consciência e aceitar que nem sempre tudo é tão belo nem tão perfeito é... sobretudo difícil.

Dalaila disse...

é bom cair no sofá.... adoro o meu sofá, mas
tédio
aborrecimento,
passar à margem,
quieta,
isso não é viver....

Susana Miguel disse...

cometa 2000,

são fortes e fundas essas duas frases. prefiro não as comentar. deixo um abracinho e digo que está muito bom este espaço:)

eyeshut disse...

em rigor, a frase de Genet até poderia ser a continuação da de Voltaire...
talvez, por isso, veja em ambas o mesmo desalento.

há um soneto que o Vinicius diz (dizia) chamado Trópico de Cancer, de um poeta cujo nome não me recordo. e à pergunta - o que é o cancer? - ele respondia: a tristeza das células.

lembrei-me disto ao ler o teu post...

Chloé disse...

Morrer é fácil! Uma frase de Ben, que eu adoro...porque acho que muita gente não se dá ao trabalho de viver plenamente, deixa-se prender em muitas coisas, perder em muitas coisas...e depois vem o tédio quando não se percebe o sentido do caminho. Por definião ele é um sinal de falta de interesses. Acontecerem esporadicamente é normal, exige é um esforço depois!
Beijos bloguistas ;-)

magarça disse...

Fujo do tédio a sete pés! Mas, por vezes, também me excedo na minha sede de instabilidade.