16.12.07

Sempre inacabados, um espaço a renovar


Sunnyou

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros

Agrada-me o texto. A consciência de ser inacabado, de alguém permanentemente em construção, alguém que tem desejos de mais.

A única frase que, sinceramente, não sei se gosto é a "mas eu preciso ser Outros". Fico com a sensação de quem foge de si e da sua realidade em vez de a acolher transformadoramente e a positivar.

6 comentários:

Momentos disse...

O ser Outros pode referir-se a que não somos só a parte do que vêm em nós, não somos só aquele sujeito que faz estas ou aquelas coisas (que abre valvulas, que vê as uvas,...)...sou muitas mais coisas, sou incompleto mas ainda assim com muitos lados, com muitos angulos, e só eu consigo ter noção da infinidade do que eu sou!
Beijo!

Cometa 2000 disse...

Momentos, bonito apontamento. obrigado.
:)

un dress disse...

:)





beijO

Dalaila disse...

eu serei inacabada,
sou muitas vezes muitas coisas,
em mim,
sou inacabada porque respiro

corpo visível disse...

.
agradam-me as pessoas que querem ser outros, que não estão em paz com as suas vidas, que estão numa situação de desassossego permanente em relação à vida e aquilo que são.
.
gosto de quem se quer libertar de si mesmo e ser outras coisas.
.
e renovar o homem usando borboletas é um conceito belíssimo.
.

nelio disse...

somos um sistema dinâmico, atravessamos a vida a perder e a ganhar pedaços. há, no entanto, um núcleo central que nos impede de ser outros. somos sempre o mesmo em permanente transformação, sempre imperfeitos, sempre inacabados.