20.3.07

lua, espaço "i"


Nicoletta Ceccoli

Aqui estamos, sentados no telhado deste choupo na noite. Olhamos o céu descansado, vês a lua e griiiiitas. Não de dor nem luto mas ALEGRIA. Tanta que no teu entusiasmo procuras mais e repetes: "outra, outra...". Como se de um jogo se tratasse, como se não pudesse existir apenas uma e o belo não pudesse estar só ali.
Expliquei-te que a lua que vemos é única e que a beleza muitas vezes está no singular, que se houvessem mais deixaríamos de as distinguir, não lhe daríamos tanto valor e o seu encanto perder-se-ía.
Parei de falar expectante... Não te bastou e começaste num choro pequenino que me parecia fatal. Procurei em volta auxílio mas a única coisa que se viam eram choupos calados, estacas com ramos vazios de folhas, cobertos somente pela luz clara daquela noite de final de inverno. Não me serviam de ajuda.
Limpei-te as lágrimas às mangas azuis e, hesitantemente, olhei-te com medo por não ter o que dizer e por nem a mim me ter convencido.
A verdade só se revelaria momentos depois e não seria por mim.
Num segundo passado, sorriste e voltaste a griiiiitar: "outra, outra...". Apontaste os meus olhos espelhos e ali estavam, duas luas diferentes. Num dom em que a beleza não se contém porque não pode nem quer. Apenas porque precisa, porque sente sempre a necessidade de se multiplicar.
A qualquer momento, aqui, ali, nos meus olhos e nos teus também.

ps - a imagem não serve na história mas, paciência, vai dar ao mesmo.

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